Como estudar aproveitando ao máximo as provas de concursos anteriores

Como já mencionado em outras postagens, estudar para concursos públicos ou para uma vaga em um programa de residência é um processo que exige estratégia, especialmente porque  a concorrência (me refiro à relação entre o número de inscritos e o número de vagas oferecidas) desses processos seletivos é bastante elevada. Nesta postagem irei abordar a metodologia de estudos que utilizei para estudar e que me ajudou a ser aprovado em dois concursos.

Hoje em dia todo mundo cria métodos mirabolantes e vende na internet prometendo os resultados mais fantásticos em pouco tempo, né? Enquanto escrevia essa postagem eeu me perguntei porquê eu também não poderia fazer isso? Por isso criei o Humbert Methods Aprovation-189 (ou HMA-189 para os íntimos) pois qualquer método que se preza tem que ter uma sigla seguida de 3 dígitos. Calma, isso foi só uma brincadeira idiota pra tirar um sarro desses coaches charlatões que se multiplicam por aí. Agora falando sério: Não tenho cara de pau para vender esse peixe como sendo o melhor do aquário. Trata-se apenas da descrição da forma como escolhi me preparar. Não garanto que seja a mais rápida e nem a mais fácil. Mas garanto que é efetiva e, principalmente, que não irei cobrar nenhum tostão pelas técnicas que vou ensinar nessa postagem.

Esse método (que NÃO irei chamar de HMA-189 pois era apenas uma brincadiera) se baseia na resolução de provas anteriores, com um ohar especial para conseguir extrair o máximo de conhecimentos de cada pergunta, analisando não apenas a alternativa correta, mas também, e principalmente, as alternativas erradas.

Basta resolver provas anteriores?

Inicialmente é preciso deixar bem claro que a resolução de provas anteriores ainda é o principal meio de preparação para uma prova de concursos. Refazer provas anteriores oferece uma série de benefícios que vão além da simples resolução. Ela ajuda a:

  1. Familiarizar-se com o estilo das perguntas: Todos os concursos públicos possuem uma banca, que é um grupo de pessoas responsável por elaborar um número X de perguntas, as quais serão utilizadas em mais de um processo seletivo. Essas questões costumam ser arquivadas em um banco de questões. Pois bem, agora podemos assumir que com um pouco de paciência e ao analisar um número suficiente de provas anteriores de uma mesma banca é possível identificar um padrão. Não se trata de prever o futuro ou adivinhar qual assunto será cobrado, apenas o estilo de cobrança (questões do tipo decoreba, assuntos que se repetem, ou até mesmo se a banca costuma fazer “pegadinhas” com os candidatos). Estar atento a isso é de grande importância para ajustar o seu raciocínio e abordagem no momento da prova.
  2. Identificar temas recorrentes: Provas anteriores permitem que você identifique os tópicos que mais se repetem nas provas e como costumam ser cobrados. Isso vai te ajudar a focar seus estudos nos assuntos mais relevantes.
  3. Desenvolver confiança: Ao se familiarizar com o formato das questões e melhorar o desempenho, você ganha confiança para o dia do exame.

Entendendo não apenas o certo, mas também o errado

Obviamente que devemos nos esforçar para identificar a resposta correta. Mas e se eu te disser que as alternativas erradas também podem ser uma fonte de conhecimento ? Sim! Isso mesmo o que você leu! Muitos candidatos se limitam a estudar apenas o gabarito e ignoram completamente as demais alternativa. No entanto, as respostas erradas também podem nos ensinar muitas coisas!

Imagine que você está resolvendo uma questão sobre alavancas corporais. Digamos que o enunciado seja: “Assinale a alternativa que contém a alavanca corporal mais comum no corpo humano”, e que as alternativas são:
A) Alavanca de primeira classe –  interfixa
B) Alavanca de segunda classe – interresistente
C) Alavanca de terceira classe – interpotente
D) Alavanca em cadeia cinética fechada
E) Alavanca em contração isotônica

Ok, já adianto que o gabarito é alternativa C – Alavanca de terceira classe ou interpotente. Agora vamos analisar as alternativas: As alternativas A,B e C descrevem as alavancas corporais. Obviamente podemos aproveitar essas alternativas para aprofundar o estudo nos tipos de alavancas corporais. Além dos tipos, podemos nos aprofundar no tema estudando os exemplos de cada alavanca no corpo humano. O tipo mais comum e o tipo mais raro, a vantagem de cada alavanca (velocidade, alcance, força), etc…

A alternativa D, embora errada, faz menção ao conceito de cadeia cinética. Para fins de estudo, podemos fazer uma pequena extrapolação… e se essa questão fosse uma pergunta sobre cadeias cinéticas? Será que eu tenho conhecimentos o suficiente sobre esse assunto para responder? Uma outra extrapolação seria: U uma vez que a banca citou o tema cadeia cinética, pode ser que esse tema seja utilizado em alguma outra questão no futuro?. Portanto, vale a pena aproveitar essa menção e estudar os conceitos de cadeia cinética aberta e fechada… vai que cai…

O mesmo raciocínio se aplica a alternativa E, só que dessa vez o tema são os tipos de contração muscular: isotônica, excêntrica, concêntrica e isométrica. Faça as mesmas extrapolações.

Perceba que ao expandir seus questionamentos para incluir os temas abordados nas alternativas erradas você ampliou seu leque de estudos de modo a incluir outros dois assuntos.

Faça resumos

Eu sei que pode parecer antiquado ou mesmo fora de moda, mas recomendo que a cada tema que surgir a partir do desdobramento das questões erradas, você faça um pequeno resumo estruturado. Não importa se vai usar um caderno, se vai criar um arquivo no Word ou Power point. FAÇA um resumo ! mais tarde isso lhe será útil.

Agora que você entendeu que precisa dar atenção aos temas das alternativas incorretas e que precisa fazer resumos, hora de entender o passo a passo desse método de estudo:

1. Colete provas anteriores

Dê preferência às provas da mesma banca, porém isso não é obrigatório. Priorize provas que você consiga ter acesso aos gabaritos e, de preferência, provas de anos mais recentes, pois tendem a refletir as mudanças no conteúdo e no estilo de perguntas. Faça seu próprio banco de provas, podem ser provas online ou em papel, não importa.

2. Resolução da prova sem consulta

Escolha uma prova e resolva-a como se estivesse realmente prestando o concurso. Isso significa desligar o celular, ter ao menos uma duas horas de paz e sossego sem ninguém te perturbando e um cartão resposta para anotar as respostas. Faça a prova toda e não apenas as questões do conteúdo específico.

3. Correção e registro do seu desempenho

Após terminar a prova, faça uma correção cuidadosa usando o gabarito oficial. Calcule o seu percentual de acertos. Ex: Prova de português – acerto de 50% das questões. Questões do SUS – acerto de 40%.  Questões específicas de fisioterapia – acerto de 60% das questões  

Anote a prova que você fez, a data e o seu percentual de acerto tanto das questões específicas quanto de todas as outras temáticas cobradas. É essencial manter um registro do seu desempenho em cada prova que você fizer. Uma planilha simples pode ser utilizada para anotar o número total de questões, o número de acertos e a porcentagem de questões acertadas. Esse acompanhamento contínuo permite que você veja o seu progresso ao longo do tempo

4. Análise das alternativas (tanto as que você acertou quanto as que você errou)

Releia as questões e tente peneirar os temas abordados em cada alternativa. Repita aquele processo exemplificado acima para expandir o seu leque de estudos. Anote cada tema e sub tema – Ex: Uma questão sobre o teste ortopédico de Laségue irá lhe sugerir o tema “teste de Laségue”, alguns desdobramento desse tema podem ser: “hérnia de disco”, “interpretação do teste de Laségue”, “anatomia do nervo ciático”, “outros testes ortopédicos para ciatalgia”. Supondo que as demais alternativas incluíssem apenas o nome de testes ortopédicos, esse mesmo desdobramento poderia ser feito para cobrir cada um dos testes citados, mesmo que eles não fossem específicos para a identificação de disfunções lombares.

5. Criação de resumos

Lembra que eu pedi para fazer resumos? Pois bem, cada desdobramento que você conseguiu fazer, será o seu tema de resumo. Nada de coisa muito longa. NÃO É UM TCC ! Trata-se apenas de um resumo para você. Esses resumos devem ser focados em revisar o conceito central por trás de cada erro e não devem ser longos demais. Nesse momento, vale a pena começar a categorizar os seus resumos. Ex: Resumo de português, assunto – regras gramaticais, Resumo de SUS, assunto – Leis orgânicas.  Resumo de Fisioterpia, assunto –  fisiologia respiratória, , etc… Essa categorização irá lhe ajudar a agregar as questões de diferentes provas. E pode até te ajudar a identificar os assuntos que mais são cobrados pela banca.

6. Repetição da prova após algumas semanas

Após algumas semanas de estudo (geralmente entre 3 a 4 semanas), você deverá repetir a mesma prova que resolveu anteriormente. Isso serve para verificar se os erros cometidos na primeira tentativa foram corrigidos e se o conhecimento foi consolidado. Compare os resultados com a primeira tentativa e veja se houve evolução. Anote novamente a data e o percentual de acertos. Agora reforce as questões que você errou ou, que mesmo acertando você sente que não domina o suficiente do assunto.

7. Monitoramento do progresso

Ao longo do tempo, você deve manter um registro do seu progresso. À medida que repete as provas, o número de acertos deve aumentar, e os erros devem se tornar cada vez mais raros. O importante é que você consiga perceber o crescimento e, ao mesmo tempo, continue ajustando suas estratégias de estudo com base nas áreas que apresentam mais dificuldade. Não fique triste se não conseguir gabaritar a prova. O objetivo não é esse !

Vantagens Psicológicas do Método

Estudar através da resolução de provas anteriores com foco na correção dos erros também oferece benefícios psicológicos importantes:

  1. Diminuição da ansiedade: Quando você sabe que já enfrentou aquele tipo de pergunta antes, a ansiedade tende a diminuir. Isso acontece porque o desconhecido é uma das maiores causas de ansiedade em provas.
  2. Sensação de progresso contínuo: O acompanhamento de resultados ao longo do tempo oferece uma visão clara do seu desenvolvimento, o que aumenta a motivação e diminui o desânimo que muitos sentem ao estudar para exames de grande porte.
  3. Memória de longo prazo: Revisitar os erros após semanas e repetir as provas contribui para que o conteúdo seja fixado na memória de longo prazo, o que é crucial para o sucesso em provas que cobrem uma ampla gama de tópicos, como os concursos de fisioterapia.

Aplicando o Método

Acredite em mim, se você conseguir fazer todas assas etapas no ritmo de uma única prova por semana, você é uma máquina! Em paralelo a essa metodologia, assista aulas online, pesquise em livros, apostilas e cursos preparatórios. Toda ajuda na preparação é bem vinda.

Conclusão

Espero que método lhe ajude  a otimizar o tempo de estudo, corrigir pontos fracos e se preparar de forma eficaz para os desafios futuros. Lembre-se da frase máxima dos concurseiros: – Você não estuda PARA passar; você estuda ATÉ passar !

É isso aí galera!  Boa sorte !