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Doença de Parkinson e Exercícios Físicos

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Existe um trabalho muito interessante publicado na revista Brain & Cognition. [Benefits of physical exercise on executive functions in older people with Parkinson’s disease. Brain and Cognition 69 (2009) 435–441] Este trabalho foi realizado por pesquisadores brasileiros da UNESP e investigou o efeito de exercícios físicos sobre as funções executivas de pacientes com doença de Parkinson.

O que eu achei mais legal esse artigo foi a fundamentação teórica e as evidências que justificam os benefícios dos exercícios físicos para a saúde do cérebro. Esse é mais uma prova de que as nossas avós estavam coberta de razão quando diziam que para manter a saúde devemos dormir 8hs por dia, nos exercitar regularmente e evitar comer porcaria (recentemente eu incluí na minha lista mais um mandamento: não beber em escala industrial – a exceção é o período conhecido como carnaval, no carnaval pode!). Eu não traduzi na íntegra este artigo, mas vou comentar as passagens que eu considero mais interessantes.

Funções executivas

O termo funções executivas (FE) designa os processos cognitivos de controle e integração destinados à execução de um comportamento dirigido a objetivos, necessitando de subcomponentes como atenção, programação e planejamento de sequências, inibição de processos e informações concorrentes e monitoramento. O lobo frontal, particularmente a região pré-frontal, tem sido relacionado com essas funções. Aqui temos o primeiro fato interessante do artigo. Ora, aprendemos na faculdade que a doença de Parkinson afeta a substância negra (mesencéfalo) relacionada aos movimentos voluntários, cursando classicamente com bradicinesia, tremor de repouso e rigidez plástica. Mas agora fica a pergunta: Como a degeneração de uma estrutura subcortical é capaz de afetar funções cognitivas relacionadas ao córtex cerebral ?


Pois bem, eu não fazia ideia que a degeneração da substância negra e a consequente redução da atividade dopaminérgica afeta o funcionamento da via Nigro-estriatal e das vias do núcleo de Meynert . Estas duas vias possuem conexões com o córtex cerebral e portanto são capazes de influenciá-lo. A degeneração destas vias tem importantes repercussões neurofisiológicas como:
(a) A ruptura do circuito nigro-striatum-thalamus-cortical o qual interconecta o striatum ao córtex pré-frontal
(b) Causa déficits colinérgicos relacionados à degeneração dos neurônios do núcleo basal de Meynert e dos neurônios segmentais do tegmento pedunculo pontino-lateral .


O segundo fato interessante deste artigo é a descrição de como exercícios físicos beneficiam a função cerebral. É citado que o exercício físico regular é capaz de ajudar o cérebro por meio de 3 mecanismos:

(1) Induzir fatores neurotróficos que beneficiam neurônios glutamatérgicos, os quais influenciam o aprendizado.
(2) Promover a neuroplasticidade
(3) Ter efeitos angiogênicos.

Assim, os autores concluem que a prática de exercícios físicos regulares beneficiam a função executiva de pessoas com Parkinson. Estimular que esses pacientes se exercitem pode ter um efeito direto sobre intervenções que visem prolongar independência e autonomia destes pacientes. Neste sentido exercícios físicos poderiam ser um fator que ajuda a lentificar o declínio cognitivo destes pacientes, e portanto de grande impacto para a qualidade de vida destas pessoas.

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