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O Polegar Trifalângico

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Esta semana eu recebi um vídeo bastante curioso mostrando uma pessoa com um polegar com três falanges. Eu nunca tinha visto esse tipo de deformidade até então, o que (naturalmente) me deixou curioso o suficiente para arregaçar as mangas e pesquisar a respeito. O resultado é essa postagem.

Introdução:

Antes de mais nada, é preciso destacar que o polegar, também conhecido como primeiro quirodáctilo, é uma estrutura anatômica extremamente importante e que possui algumas peculiaridades que precisam ser destacadas:
[1] Enquanto os outros dedos da mão possuem três falanges, os polegares possuem apenas duas;
[2] O polegar  está posicionado mais proximal e em outro plano anatômico quando comparado aos outros dedos da mão
[3] O polegar realiza o movimento de oposição aos outros dedos da mão.

A combinação dessas características nos permite realizar a ação de pinça, a qual é de fundamental importância para os seres humanos, isso porque a pinça realizada com a ajuda de um polegar opositor nos permite manipular objetos com mais firmeza e precisão. E essas características (maior firmeza e precisão) possibilitam inúmeras habilidades tais como a escrita, construção de ferramentas, desenhos, entre outras atividades.

Polegar Trifalângico

Alguns bebês nascem com uma malformação congênita do polegar, chamada Polegar Trifalângico. Esta é uma condição rara na qual o polegar possui uma terceira falange e é descrita como Síndrome do Polegar Trifalângico (TPT – Triphalangeal Thumb). Geralmente o polegar trifalângico não é “oponível”. Isso quer dizer que diferentes das pessoas que tem o polegar opositor, uma pessoa que sofre de TPT não pode facilmente colocar o seu polegar oposto aos outros quatro dedos da mesma mão. A dificuldade/impossibilidade de realizar a oponência é a principal conseqüência funcional dessa síndrome. Além disso, um polegar trifalângico pode indicar a presença de outras má formações e síndromes sistêmicas, as quais obviamnte precisam ser investigadas.

Ilustração da anatomia óssea de uma criança com polegar trifalângico

Incidência

A literatura internacional refere que a incidência de um polegar com três falanges é estimada de 1 caso a cada 25.000 nascidos vivos. Dois terços dos pacientes com polegar trifalângico tem história familiar de anormalidades do polegar. O polegar trifalângico pode ser herdado como um traço autossômico dominante com expressividade variável e alta penetrância. No entanto, também pode ocorrer esporadicamente. Os casos esporádicos são principalmente unilaterais.

O polegar trifalângico pode ocorrer isoladamente, em associação com a duplicação do polegar (Wassel tipo VII) ou como parte de uma síndrome, como anemia de Fanconi ou Síndrome de Holt-Oram.

Considerações clínicas:

Embora uma falange supranumerária seja a alteração mais evidente, pacientes com polegar trifalângico  frequentemente apresentam tendões, ligamentos e músculos intrínsecos do polegar hipoplásicos ou mesmo ausentes. Isso resulta em diminuição da força do polegar. Sob o aspecto funcional, observa-se que a oposição deficiente, resulta em dificuldade em atividades como escrever e manusear objetos pequenos, etc.

Essas dificuldades não impedem a realização de atividades diárias. De acordo com a literatura pesquisada, me parece que a maior preocupação nesses pacientes está relacionada com a estética e não com a funcionalidade.

REFERÊNCIAS

Triphalangeal thumb

Triphalangeal thumb: clinical features and treatment

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