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Lesão por esforço repetitivo em Gamers

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Para você ter ideia do tamanho desse mercado, a final do Worlds 2021 – o campeonato Mundial de League of Legends – em seu pico, alcançou 4 milhões de espectadores simultâneos (isso sem contar os números de transmissão na China, os quais não são contabilizados porque a China basicamente tem sua própria internet).

Assim como em outros esportes, jogadores profissionais de e-sports dedicam boa parte do seu tempo aos treinos, praticando diariamente e se preparando para grandes eventos. Quase todos os melhores pro players do mundo jogam em equipes patrocinadas e, à medida que os esports cresceram em complexidade e profissionalismo, houve a necessidade de agregar uma equipe de suporte aos times de gamers. Essa equipe de suporte inclui treinadores, analistas de dados, nutricionistas e sim, você adivinhou: fisioterapeutas.

Parece estranho dizer que uma pessoa pode se machucar jogando um jogo eletrônico, mas isso acontece (e muito!). A prática de esports pode predispor a algumas lesões e síndromes dolorosas.

Atletas de elite podem passar até 15 horas por dia praticando movimentos repetitivos usando mouse e o teclado, muitas vezes associados a uma postura inadequada. Pro Gamers executam cerca de 400 movimentos finos por minuto alternando contrações isotônicas e isométricas do membro superior e das mãos. Isso sem contar as contrações musculares para estabilizar a cintura escapular, ombro e cotovelo durante as partidas. O movimento motor fino prolongado e sustentado do membro superior predispõe ao desenvolvimento de lesões por esforço repetitivo, tendinopatias, dor miofascial e neuropatias compressivas.

Além dessas características, outra peculiaridade é a de que as partidas são disputadas com os atletas sentados em cadeiras ou poltronas. Portanto, se algum dia você vier a atender um praticante de esports, não deixe de avaliar a ergonomia e a postura, pois esses fatores muito provavelmente também estarão envolvidos nos quadros de dor.

AS LESÕES MAIS COMUNS EM PRO PLAYERS

Até o momento, existem poucos trabalhos que investigaram de forma científica as lesões e queixas de dor entre pro players. Fiz uma busca na literatura e encontrei alguns trabalhos realmente interessantes.

Em 2019, os autores DiFrancisco  et al publicaram um estudo no qual investigaram as queixas de saúde de um grupo de 65 atletas universitários de esports. Eles descobriram que as queixas musculoesqueléticas mais comuns foram dores no pescoço e nas costas (42%), dor no punho (36%) e dor na mão (32%). Além dessas queixas, é digno de nota que 56% dos entrevistados relataram fadiga ocular.

Em um trabalho publicado em 2020, Lindberg, et al. também investigaram a frequência de queixas musculoesquelética, mas dessa vez entre atletas profissionais de esports. Nessa pesquisa foram avaliados 188 atletas. Desses, 42,6% relataram dores musculoesqueléticas. Os locais mais comuns foram a região dorsal (31,3%), pescoço (11,3%) e ombros (11,3%).

De acordo com o resultado desses dois trabalhos, percebemos que, ao contrário do que poderíamos imaginar, os sintomas mais comuns nos jogadores profissionais não envolvem mãos  e punho, mas sim dores na coluna.

Isso significa que embora lesões em mãos e punho tenham impacto imediato e direto na prática dos esports (pois podem afastá-los das competições), nós fisioterapeutas não devemos negligenciar as queixas de dor na coluna vertebral.

Esperoque essa postagem seja útil, em uma próxima oportunidade irei abordar especificamente os cuidados de ergonomia para pro players

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